segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Governo e oposição assinam acordo de divisão de poder no Zimbábue

Os partidos políticos rivais do Zimbábue assinaram um acordo histórico de divisão de poder nesta segunda-feira, marcando o que pode ser o fim da violenta crise que paralisou o país desde as eleições de marçओ.
Segundo o acordo, o presidente Robert Mugabe --que está no poder há 28 anos-- cederá parte de seu poder com a oposição, incluindo Morgan Tsvangirai, líder do Movimento pela Mudança Democrática (MDC, na sigla em inglês), principal partido opositor de seu governo.
Tsvangirai derrotou Mugabe nas eleições presidenciais realizadas em 29 de março, mas por não ter obtido maioria absoluta dos votos foi realizado um segundo turno, em 27 de junho. No entanto, uma semana antes da realização do mesmo, Tsvangirai se retirou das eleições por causa de ataques contra seus partidários por forças fiéis a Mugabe, que obteve mais de 80% dos votos.
O acordo foi assinado por Mugabe, Tsvangirai e Arthur Mutambara --que lidera uma facção dissidente do MDC-- em um hotel da capital Harare, depois de semanas de tensas negociações.




Sob o acordo de divisão de poder, Tsvangirai ocupará o recém-criado cargo de primeiro-ministro e vai liderar um conselho de ministros que supervisionará o gabinete de Mugabe।
Philimon Bulawayo/Reuters
No acordo, o ditador do Zimbábue, Robert Mugabe, continua na Presidência
O povo do Zimbábue espera que o acordo seja um primeiro passo na recuperação política e econômica do país. Neste ano, em meio à crise do processo eleitoral, a inflação chegou à porcentagem de 11 milhões e levou a fuga de milhões para os países africanos vizinhos. A audiência que acompanhou a assinatura do acordo incluía os líderes da Tanzânia, Jakaya Kikwete, presidente da União Africana, o rei da Suazilândia, Mswati 3º, e o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki, que mediou as negociações.
Os três líderes do Zimbábue trocaram cópias do acordo e se cumprimentaram. Mugabe e Tsvangirai concordaram, na semana passada, que o acordo encerraria a crise política causada pela reeleição de Mugabe, sob acusações de violência contra opositores e pressão sob os eleitores para votarem nele.
O acordo deve dividir o controle das poderosas forças de segurança que têm sido um dos principais pilares do poder de Mugabe.
O presidente, um ex-comandante de guerrilha, deve manter o controle do Exército, mas o MDC quer dominar as forças policiais.
O partido do presidente, o ZANU-PF, terá 15 cadeiras no gabinete. O MDC terá 13 e a facção dissidente terá outras três.
Mugabe, 84, comanda o Zimbábue desde a independência da Inglaterra, em 1980. Ele permanecerá presidente --uma de suas exigências para assinar o acordo-- e líder do gabinete.












Acordo frágil
Arte Folha Online
Analistas indicam que o acordo de divisão de poder ainda é frágil e exigirá que os ex-rivais coloquem suas diferenças de lado e trabalhem juntos para superar o ceticismo, especialmente dos países ocidentais cujo apoio financeiro será essencial para a recuperação econômica do país.
A União Européia retirou temporariamente as sanções sobre o país africano à espera de que os rivais políticos chegassem ao acordo, informou o líder de política internacional da UE, Javier Solana.
"As sanções não serão alteradas hoje. A decisão provavelmente será tomada em outubro", disse Solana a repórteres, nesta segunda-feira.
Solana disse que a UE precisa estudar os detalhes do acordo, mas que espera uma "nova página" para o país.

domingo, 14 de setembro de 2008

“Um negro que o protestantismo brasileiro esqueceu”

Solano Trindade

Por Hernani Francisco da Silva


Nascido em 24 de julho de 1908, em Recife, filho de Manoel Abílio Trindade, sapateiro, e Merenciana de Jesus, doceira. O negro presbiteriano Francisco Solano Trindade, poeta, cineasta, pintor, homem de teatro e um dos maiores animadores culturais brasileiros do seu tempo, foi para vários críticos, o criador da poesia "assumidamente negra" no Brasil. As comemorações pelo centenário de Solano Trindade concentram-se nas três cidades em que ele viveu mais tempo. No Recife, onde fundou, em 1936, o Centro Cultural Afro-Brasileiro e a Frente Negra Pernambucana. Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde sofreu perseguições, prisões e apreensão de livros durante o governo Dutra. E em Embu, município de São Paulo, que ele ajudou a batizar como Embu das Artes, onde fica a sede do Teatro Popular Solano Trindade comandado por sua filha e herdeira artística Raquel Trindade. Solano Trindade foi um dos fundadores do que mais tarde se conheceria como movimento negro. Reconhecia a necessidade do negro brasileiro assumir orgulhosamente sua identidade e lutar contra a discriminação, achava que isso deveria ser feito valorizando a cultura popular brasileira de matriz negra, sem excluir os brancos. Por isso fundou, o Teatro Popular Brasileiro, o sucesso do Teatro Popular foi tão grande que era convocado a realizar espetáculos especiais para todas as companhias estrangeiras que passavam por aqui. Solano desenvolveu também carreira de ator, participou de peças teatrais e vários filmes. No final da década de 1920, Solano Trindade torna-se protestante, onde conheceu Maria Margarida Trindade, que era presbiteriana, do seu casamento com Maria Margarida nasceram seis filhos, dois mortos prematuramente e um assassinado pela ditadura militar após o golpe de 1964. Solano teve uma ação importante na igreja, chegou a ser diácono da Igreja Presbiteriana, fazia poemas e citava trechos bíblicos com facilidade, voltado principalmente para o Gólgota e os apóstolos Pedro, Tiago e João evangelista. Foi ali que ele começou o legado da sua vida, seus poemas foram publicados na revista protestante do Colégio XV de Novembro, de Garanhuns, e em jornais do Recife. Só depois dessa fase começaria a nascer a sua poesia negra. Decepcionado com o distanciamento do protestantismo com as questões sociais, incluindo a discriminação contra os negros, ele deixa a igreja, justificando sua saída com um versículo da própria Bíblia: "Se não amas a teu irmão, a quem vês, como podes amar a Deus, a quem não vês?" Assim como Solano Trindade passaram também pelo protestantismo João Cândido, o marinheiro negro, membro da Igreja Metodista de São João de Meriti, que liderou a Revolta da Chibata um importante movimento social ocorrido, no início do século XX, na cidade do Rio de Janeiro. E também o líder camponês João Pedro Teixeira, negro, crente da Igreja Evangélica Presbiteriana, fundador da Liga Camponesa de Sapé na Paraíba. Retratado no filme “Cabra Marcado para Morrer” de Eduardo Coutinho, um marco qualitativo da cinematografia brasileira. Estes e muitos outros, negros e negras passaram por nossas igrejas e deixaram um legado para a humanidade.

Em 2008, ano do centenário do nascimento do "poeta negro" o "poeta do povo", é hora da Igreja Protestante Brasileira resgatar sua memória, dando o reconhecimento a Solano Trindade e muitos outros negros e negras, que contribuíram e contribui para o reino de Deus aqui na terra.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Uol Noticias - Cotidiniano 09/09/08

Os índices de escolaridade, renda e pobreza da população negra registraram melhoras entre 1996 e 2006, mas as condições de vida continuam inferiores às dos brancos no Brasil. A avaliação é de estudo sobre desigualdade racial e de gêneros divulgado nesta terça-feira (9) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo do Ipea tomou como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) lançadas pelo IBGE entre os anos de 1993 e 2006. A designação "branco" ou "negro" foi estabelecida segundo autodeclaração dos pesquisados.

Segundo dados do estudo, em 1996, 82,3% dos negros estavam matriculados em etapas do ensino fundamental adequadas à sua idade e apenas 13,4% no ensino médio. Em 2006, essa porcentagem subiu para 94,2% no ensino fundamental e 37,4% no médio. A proporção de negros e negras que estudavam no ensino médio, entretanto, ainda é muito menor que a de brancos - que chegou a 58,4% em 2006.A renda média do trabalhador negro também cresceu, embora o aumento não seja muito expressivo: o rendimento médio de 2006 foi R$ 19 mais alto que em 1996, ou 3,93%. A queda da diferença entre os dois grupos se deu devido a diminuição dos rendimentos dos homens brancos, que passaram de R$ 1.044,20 a R$ 986,50. Os demais grupos estudados (mulheres brancas e negras e homens negros) tiveram aumentos.Mesmo com essa alta, a discrepância é grande. Os brancos ainda vivem com quase o dobro da renda mensal per capita dos negros - pouco mais de um salário mínimo a mais. Outras constatações do estudo mostram que a população negra é menos protegida pela Previdência Social do que os brancos - especialmente no caso da mulher negra - e começa a trabalhar mais cedo para se aposentar mais tarde.

"A renda dos negros é extremamente baixa comparada à dos brancos, e está muito próxima ao valor do salário mínimo", diz o professor Claudio Dedecca, do departamento de Economia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em São Paulo.Dedecca explica que a oscilação da renda de negros e brancos teve sinais diferentes entre 1996 e 2006 porque os acréscimos ou decréscimos nos pagamentos têm diferentes origens. "O comportamento da renda dos brancos é definido por negociação coletiva ou fluxos do mercado de trabalho. Então, nesses últimos 13, 14 anos, acompanhou a queda na renda média da população. Já a dos negros está associada à evolução da política do salário mínimo."Além do crescimento dependente das políticas públicas, a evolução da renda entre negros e queda entre os brancos não se refletiu na erradicação da pobreza. Se em 1996 46,7% dos negros eram pobres, o percentual desceu em 2006 para 33,2. Na prática, cerca de 2 milhões de pessoas deixaram a pobreza num período em que a população ganhou mais de 32 milhões de brasileiros. Entre os brancos, o número absoluto de pessoas que deixaram a pobreza foi de cerca de 5 milhões, mesmo a queda em pontos percentuais tendo sido menor - de 21,5% para 14,5%.Especialistas dedicados à questão da desigualdade racial concordam entre si com a raiz histórica deste vácuo econômico entre brancos e negros. Educação básica deficiente e pouco universalizada, a herança histórica deixada por séculos de escravismo e uma tradição de ocupar empregos de pouco prestígio social estão entre as causas da diferença.

Para o sociólogo Rogério Baptistini Mendes, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), o fim da escravidão sem a criação de um mercado de trabalho que absorvesse a mão-de-obra negra e herança de concentração fundiária na mão de ricos produtores agrícolas privaram a população negra de acesso a "mecanismos democráticos de ascensão social, econômica e cultural". "A sociedade brasileira foi constituída em três séculos de colonização e quatro de escravidão. Isso gerou uma estrutura de segregação absoluta que foi sendo superada ao longo do século 20, mas não na velocidade necessária para democratizá-la", explica Baptistini. "Não temos mecanismos para distribuir a renda. É como se no século 21, ainda vivêssemos em uma sociedade escravocrata."O economista Vinícius Garcia, mestre em Economia Social e do Trabalho pela Unicamp, aponta a geografia como outro importante fator para explicar a concentração da pobreza entre os negros. "No nosso estudo, vimos que a população negra está super-representada nas áreas menos desenvolvidas do país, como no Norte e no Nordeste. E é menos concentrada em regiões como o Sudeste, que tem uma estrutura econômica mais dinâmica", pondera ele.Diretora de Proteção ao Patrimônio Afro-brasileiro da Fundação Palmares, Bernardete Lopes defende que o estudo do Ipea é importante para provar à sociedade que os preconceitos raciais não foram superados no Brasil. "Acho que essa pesquisa vai fazer algumas pessoas entenderem quando dizemos que o país precisa de ação afirmativa e precisa de cotas, porque mostra que não vivemos numa democracia racial, e que a discriminação não era pela pobreza, mas sim pela raça e pela cor", afirma.
Mais sobre o estudo
Mulheres têm menor penetração no mercado
Mapa da pobreza mudou pouco em dez anos
Você observa uma melhor qualidade de vida para negros no Brasil?"É muito doído perceber que, embora o movimento negro tenha conseguido grandes vitórias e o Estado brasileiro hoje esteja preocupado em diminuir as diferenças, elas continuam sendo sempre o dobro", completa Bernardete, referindo-se a distância de quase 50% entre os salários de pessoas que nasceram com cores de pele diferentes. De república, a gente só tem o nome"As melhorias no acesso à educação formal também não foram capazes de acabar com a desvantagem dos negros em relação aos brancos na escolaridade. Enquanto 58,4% dos brancos estavam em 2006 matriculados no ensino médio com idade adequada para o curso, apenas 37,4% dos negros estavam no mesmo patamar, revelam os dados do Ipea.

Rogério Baptistini também vê nestes números um fundo histórico. "A República nunca criou um sistema universal de igualdade pela educação; nossa educação nunca foi republicana. A abertura da universidade para a qualificação dos mais pobres, na sua maioria negros e miscigenados, é muito recente", diz o sociólogo."Políticas adotadas gradativamente, como as cotas para alunos de escolas públicas e negros, estão tentando corrigir esse desvio histórico na sociedade brasileira, mas ainda não passam da superfície", explica Baptistini. "De república, a gente só tem o nome."Bernardete Lopes acredita que a melhoria deste quadro deve passar necessariamente pela educação básica. "Acho que é preciso melhorar a qualidade do ensino público nas primeiras séries, e continuar com incentivos para que as crianças fiquem na escola e não precisem parar de estudar para ajudar a família a se manter", diz. Para a dirigente da Fundação Palmares, isto é parte do caminho para a emancipação econômica da população negra.Mas, para garantir a eficiência do modelo, as crianças devem gostar de ir à escola. "Uma vez li um estudo de uma socióloga da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) que dizia que um dos motivos por que as crianças negras não gostavam da escola por receberem os apelidos mais cruéis entre os colegas", conta Bernardete.

segunda-feira, 3 de março de 2008

ESCRAVIDÃO E RACISMO TEOLÓGICO – A CANAÃ BRANCA DOS PURITANOS


Por: Ulisses Passos. Acadêmico de Direito, Pan-Africanista e Presidente do CNNC/BA. Pseudônimo: Aswad Simba Foluke. E-mail: ulisses_soares@hotmail.com








Vivemos em uma sociedade onde os valores cristãos-brancos sejam católicos ou protestantes são considerados “superiores e civilizados” e os valores africanos são tratados como inferiores e atrasados, a continuidade de uma sociedade dicotômica herdada: senhores brancos cristãos X escravizados pretos não cristãos। E o poder e meios de produção continuam nas mãos de brancos cristãos, frutos da exploração do trabalho escravizado de homens e mulheres africanas e seus descendentes.

O protestantismo quando chegou nas 13 colônias da América trazido por colonos ingleses, conhecidos como puritanos, praticantes de uma interpretação literal da Bíblia, se consideravam o “O Novo Israel de Deus", “Os Eleitos" e “diziam” possuir toda a autoridade para interpretar os textos bíblicos e vivê-los literalmente na “Terra dada por Deus”, também se consideravam expulsos da Inglaterra, governada pelo faraó, o rei inglês, e atravessaram o Mar Vermelho, nome que deram ao Oceano Atlântico, e viram os povos nativos, os aldeões coletores como as nações de Canaã que deviam ser destruídos para que eles tomassem posse da Terra Prometida. Essa mesma visão puritana veio com os missionários norte-americanos para o Brasil e se tornou o arcabouço das igrejas evangélicas no Brasil.O racismo teológico tem uma das suas origens na racialização da Bíblia e na prática do cristianismo eurocêntrico pelos Puritanos, dogmatizando a teologia, corrompendo a exegese e a hermenêutica, embranquecendo e ocidentalizando para usufruir através do tráfico mercantilista a exploração de civilizações livres e primevas africanas e destruição de civilizações nas Américas.
Os puritanos se consideravam e ainda se consideram através de seus seguimentos pelo planeta como os herdeiros de Deus e donos do mundo,torna-se interessante o texto abaixo e as interpretações dos Puritanos abalizando o direito de escravizar os africanos."E quanto a teu escravo ou a tua escrava que tiveres, serão das gentes que estão ao redor de vós; deles comprareis escravos e escravas.Também os comprareis dos filhos dos forasteiros que peregrinam entre vós, deles e das suas gerações que estiverem convosco, que tiverem gerado na vossa terra; e vos serão por possessão perpetuamente os farei servir" – (Levítico- 25: 44-46).A falsa interpretação teológica dos puritanos dos textos bíblicos foi usada como certidão de posse do planeta e de seus habitantes. Dentro do protestantismo especialmente o Reformado no final do culto o pastor abençoa a comunidade e ouvi diversas vezes as seguintes palavras:- O amor de Deus Pai, a Graça de Deus Filho e as Consolações do Deus Espírito Santo, sejam com todos vós e com todo o Israel de Deus espalhado pela face da terra.A idéia do “Novo Israel” é uma prática puritana de interpretação bíblica e sê-lo é deter uma nova Canaã literalmente falando, sendo assim, os puritanos se sentiam abençoados e cumprindo a vontade divina, só que este Novo Israel era habitado nas Américas, Oceania e na África por populações pretas as quais foram condenadas a uma vida de inferno. A escravidão tornou-se um decreto divino, porque os puritanos brancos se consideram predestinados a herdarem a terra, sendo formulada uma proposta terrena de uma Nova Canaã Branca e protestante, impondo as suas filosofias deformadas e praticas racistas pelas elites no poder e repetidas pela população branca e pobre, conseguintemente na iconografia religiosa, nas teologias, na estética, nos meios de comunicação, na relação capital X trabalho, nos livros didáticos, e especialmente no poder político que afeta o direito a vida e do bem comum dos africanos e seus descendentes.As graves conseqüências da “idéia de um novo Israel branco e Puritano”, além da pilhagem, exploração e escravidão fizeram com que surgissem as maiores aberrações raciais nos Estados Unidos da América e na África do Sul, legislações baseadas na idéia de uma “Nova Canaã Branca”: leis conhecidas como Jim Crow, as quais você pode acessar lendo o artigo no blogger do CNNC/BA e a instituição do Apartheid na África do Sul. O racismo é uma ideologia fomentada pela população branca no planeta e introjeda dentro da população preta através da religião cristã, ser preto e cristão, sem o conhecimento do panafricanismo, do afrocentrismo e do cristianismo de matriz africana é coadunar com a exploração e ser repetidor da opressão ideológica e da racialização bíblica।O cristianismo surgiu na África e onde estão às igrejas mais antigas do planeta e infelizmente os caucasianos se apropriaram de terras, menos da Etiópia, a qual nunca foi escravizada e é detentora das igrejas cristãs mais antigas da história do cristianismo।Nós do CNNC sabemos que temos uma longa trilha a percorrer para alertar com voz profética que o cristianismo europeu e sua ideologia de uma nova Canaã são anti-bíblica e baseada no racismo।O CNNC (Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos) tem a sua presença nas discussões do Movimento por fazer parte da sua proposta de atuação o Panafricanismo. O CNNC é uma organização Cristã no Movimento Negro e não um grupo separado de Movimento Negro Evangélico. Um só Povo e um só luta.Uma das preocupações do Movimento Negro Brasileiro é construir uma proposta de poder para a maioria da população; surgem incipientes idéias de partidos políticos que desejam partidarizar o movimento e colocam os seus representantes, as vozes dos grupos oprimidos sexualmente, das mulheres, da juventude, de representantes religiosos, etc. Sendo uma “novidade” ainda não digerida por muitos militantes a presença nas discussões dos chamados evangélicos, digo “novidade”, porque os chamados evangélicos sempre estiveram no movimento negro, apenas não assumiam essa postura, por medo e vergonha da grande maioria, por saberem da culpabilidade do cristianismo deformado pelos europeus, e sendo seus seguidores, não ousavam contestar o racismo das igrejas protestantes, sendo eles mesmo vítimas. Sendo um dilema de muitos pastores e membros pretos assumir a sua identidade de africano no Brasil, temendo desagradar as Estruturas Eclesiásticas as quais ajudam a manter. A maior prisão é a mental.Infelizmente, dentro do mundo protestante brasileiro alguns pastores pretos ainda legitimam a escravidão nos seus escritos quando tentam dirimir leis do Primeiro Testamento e repetem interpretações errôneas expondo literalidade dos textos bíblicos. Nenhum tipo de escravidão fez parte dos planos de Deus para a humanidade e quando observamos as vozes dos profetas condenando as vontades humanas, entendemos que as leis de exploração do homem pelo homem eram vontades de pessoas presunçosas e afastadas de Javé. A escravidão nunca foi corroborada pelos desígnios de Deus e não podemos amenizar a maior covardia e genocídio praticado contra os nossos ancestrais. O Senhor não predestinou nenhuma pessoa preta, seres originais criados a imagem e semelhança Dele, para ser escravizada por qualquer europeu e seus descendentes, eles foram seqüestradores e o que foi nos roubado tem que ser devolvido; o termo reparação e cotas devem ser mais bem trabalhados por aqueles (as) que tentam fazer verdadeiramente uma teologia preta, a qual tem tido uma bela interpretação através do teólogo Kefing Foluke.Os praticantes da escravidão violaram todos os mandamentos divinos e rasgaram o Sermão do Monte e literalmente prestarão contas dos seus atos no dia do Juízo Final, porque usaram o nome do Eterno para invadir, seqüestrar, escravizar e matar os seres originais e continuam afastados do evangelho. O Povo Preto tem a promessa do Reino de Deus conforme as palavras de Yeshua no Sermão do Monte:
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.E a justiça tem que ser conquistada, não cai do céu, é uma construção e luta diária de todos e todas. Uni-vos povo preto em luta pela justiça.




domingo, 18 de novembro de 2007

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA


Por Maria Elisabete dos santos

Estudante de Pedagogia, atuante na área de educação, coordenadora e regente do Coral da terceira idade da Igreja Adventista da Mangueira em Salvador da qual é membro também.


Data importante para como cristãos refletirmos sobre nossos conceitos referentes a valorização do ser humano। Precisamos nos libertar de qualquer tipo de preconceito e racismo pois Deus em Sua Palavra diz: e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará(João 8:32) Como negros devemos nos valorizar como seres humanos criados por Deus e termos orgulho da nossa raça, não negando-a com desculpas esfarradas, camufladas como divinas, porém racistas e diabólicas. Somos negros. Temos cabelos crespos e podemos usar tranças, pois é própria pra quem mantém o cabelo natural. Os brancos e brancas adventistas usam pimpão e escovam o cabelo o que é aceito pela nossa organização. Precisamos preservar nossa identidade e orgulhar-nos por temos pele preta, cabelos crespos, nariz gordo e chato, lábios grossos. Se Eva a mãe da humanidade era asim, ela que foi criada por Deus, ela que após Deus criar disse que era "muito bom". Precisamos está atento para não confundirmos racismo com santificação. Neste 20 de Novembro vamos pedi a Deus que nos ajude a sermos cristãos verdadeiros, e que Ele, a Verdade nos liberte de nós mesmos para que sejamos negros autênticos, cristãos, adventista. Abraços Africanos para todos negros e os negros que não se consideram negros aproveitem a data e pesquisem sobre a nossa raiz, tenho certeza que terão muitas surpresas. Deus nos proteja e nos ilumine.


sexta-feira, 16 de novembro de 2007

A EVA PRETA






Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente do CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos. Pseudônimo: Kefing Foluke.

A humanidade, como nós a conhecemos, começou na África com o Homo Erectus e Homo Sapiens, que viveu na região dos grandes lagos africanos antes de migrarem para outros continentes através do Vale do Nilo, à Palestina e o Mar Vermelho. É importante ressaltar a proximidade do Equador, o qual comprova que os primeiros habitantes do planeta foram homens e mulheres pretas, sendo seres de sangue quente, que se desenvolveram em um clima quente e úmido, produzindo um pigmento preto sintetizado por células (melanócitos), que estão dispersos no cabelo, nos pelos, na pele e nos olhos, protegendo a pele contra os raios ultravioletas: a melanina.
Complementando todas as informações bíblicas de Gênesis 2:1, que diz: “Então Javé Deus modelou o homem com argila do solo”. Modelou o homem com a cor da lama. E todos nós sabemos a cor da lama que é preta. A idéia da criação do ser humano, através argila, ainda é encontrada em regiões da África, no Togo, país africano. Algumas comunidades acreditam que Deus ainda faz homens e mulheres de argila.
Também vamos encontrar, em diversas tradições africanas, o mito da imortalidade da serpente e seu poder de mudar as suas escamas, dando uma idéia de renascimento constante, e o ser humano sempre teve o desejo de ser imortal. Os hebreus herdaram dos babilônios as teorias da criação do mundo e da queda do homem. E os babilônios foram pretos, descendentes dos cushitas, que migraram para o Continente Asiático. Antes do Canal de Suez, a África e a Ásia eram um só continente, sem separações nesse período histórico A partir daí, sem entrar em discussões teológicas de criacionismo ou evolucionismo, temos a plena convicção de que os primeiros habitantes do planeta, representados na Bíblia por Adão e Eva, foram pretos e criados à imagem e à semelhança de Deus. Esse fato é de domínio dos hebraístas e dos teólogos estudiosos do Primeiro Testamento. Porém, as lições da escola dominical e os tratados teológicos não ventilam essa revelação, e sabemos o motivo: o medo dos teólogos e hebraístas de trabalharem nos seminários teológicos a fiel interpretação bíblica centrada nos estudos das civilizações que foram protagonistas dessa história.
Todas as civilizações antigas foram compostas por povos pretos. Na antiga Suméria, no Vale do Indo, Iraque, regiões do Cáucaso, a presença de pretos na China antiga, na Grécia antiga, no Japão, no Continente Americano, na Oceania, na civilização de Angkor, na Tailândia, na civilização de Champa, no Vietnã. Os africanos e aborígines australianos habitaram a América bem antes da invasão espanhola e portuguesa. Tal fato foi comprovado com a descoberta de esculturas, como a pedra de Olmec, no México, que traz os narizes largos, cabelos rasta e lábios cheios. A mulher da Lagoa Santa, no Brasil, é outro exemplo.
Os historiadores ocidentais inventaram diversas denominações para os pretos espalhados pela face da terra, com o objetivo de negar a origem africana, sendo algumas delas: negróide, negrito, proto-negróide, aborígine australiano, euro-africanos, mediterrâneos, dentre outras.
As análises de material genético recolhido ao redor do planeta confirmam que todos os seres humanos modernos descendem de uma única mulher, quem viveu no Continente Africano, a qual os antropólogos e bioquímicos da universidade da Pensilvânia, Estados Unidos, apelidaram de Eva Preta. Após o estudo do material genético retirado de cento e oitenta e nove mulheres de diversas etnias, desde 1979, a cientista Rabecca Cann e dois colegas, Allan Wilson e Mark Stoneking chegaram a uma conclusão. Comprovaram, por meio da coleta de placenta de bebês, que os tecidos celulares com mitocôndrias (grânulos ou bastonetes que transformam comida em liquido e energia para as células) foram retirados do DNA para traçar árvore genealógica, os quais preservam somente a herança materna.


Apenas a mitocôndria da mãe entra na genética do bebê, haja vista que o gameta masculino (o espermatozóide) só provê o núcleo. A genética mitocondrial só é alterada por mutações genéticas fazendo, desta forma, parte das gerações seguintes, como se fossem impressões digitais da linhagem. Todos os conceituados biólogos, americanos e europeus, confirmam que todas as mulheres modernas são descendentes de uma mulher africana, conhecida por Eva Preta.
As mudanças genéticas estudadas ocorrem em regiões do cromossomo Y, que não codificam genes ou suas regiões de controle e não afetam as pessoas que as possuem.
O Dr. Underhille e seus colegas, com base nas mutações encontradas no cromossomo Y em estudos recentes do DNA, chegaram à conclusão que os povos mais antigos do planeta podem ser os Oroma e Amhara, da Etiópia, e os Koissans que estão no sul da África.
A grande pergunta é: como se deram essas mudanças epiteliais, e como surgiram o branco, o amarelo e o vermelho? A Bíblia diz que todos nós descendemos dos primeiros humanos representados por Adão (humanidade) e Eva (vida) e já sabemos que eles foram pretos africanos. Com as migrações citadas anteriormente pelos primeiros grupos humanos, os seus descendentes foram se adaptando a novos climas e dietas alimentares, tendo como conseqüência a perda da melanina, porque não havia mais necessidade de proteção solar. A cor epitelial sofreu mudanças. Os cabelos originais crespos que serviam como protetores solar foram-se afinando e clareando; os olhos ficaram mais claros, adaptando-se à necessidade de enxergar em regiões com menor incidência solar; os narizes foram-se modificando pela necessidade de exercerem novas funções respiratórias nos diversos climas frios, e perdeu-se também a consistência nos lábios.
O equívoco vigente nas igrejas protestantes, referente ao surgimento da humanidade, é afirmar que os seres humanos são originários dos três filhos de Noé, Cam, Sem e Jafé, sendo a humanidade predestinada a benções e maldições, resultantes do relacionamento conflituoso de Noé e seus três filhos. Jafé originou os jafetitas, que seriam os brancos. Sem originou os semitas, com uma cor intermediária e, Cam os pretos, os quais foram amaldiçoados para servir aos seus irmãos. Essa hermenêutica é falsa, anti-histórica e racista; infelizmente, repetida nos mais conceituados seminários teológicos do mundo cristão, por diversos estudiosos do Primeiro Testamento, e ensinada nas igrejas.