
Quarta-feira, 24 de Outubro de 2007
O MEDO DE JESUS CRISTO PRETO
Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos.Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com
“Aquele que estava sentado parecia uma pedra de jaspe e cornalina; um arco-íris envolvia o trono com reflexos de esmeralda.” Apocalipse. 4:3
Estas foram sábias palavras do escritor do livro de Revelações sobre Yeshua, e retratam o pensamento teológico-histórico desde o surgimento do CNNC- Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos, especialmente da sua Regional-Bahia na aceitação literal de Jesus Cristo (Yeshua) como um homem preto africano. Há alguns aspectos que devemos compreender do medo da verdadeira essência humana de Yeshua proveniente dos ataques da pseudo-história e negligências das teologias de todas as matizes.
Yeshua: O mais importante homem preto da história mundial
A enciclopédia de Cambridge afirma que Yeshua foi um homem preto da Etiópia. O imperador romano: Justiniano II "O Grande", teve seu rosto esculpido em uma moeda e do outro lado a do Yeshua Preto. A Igreja Católica Romana sabe que Yeshua foi um homem preto e ela mantém documentos escondidos. Além disso, a palavra Cristo vem do indiano Krishna, que significa preto. Existem provas arqueológicas de catacumbas romanas dos primeiros de séculos onde esculpiam Yeshua Preto, havendo provas na icnografia católica dos primeiros séculos e nas catedrais ainda existentes na Europa das madonas pretas.
Jornal britânico voltado ao público afro-descendente publica a lista dos negros mais importantes da história
Jesus Cristo está no topo da lista dos cem maiores negros da história mundial foi o primeiro colocado em uma lista de cem maiores ícones negros da história mundial. A lista foi feita pelo jornal britânico New Nation. Pelé, Nelson Mandela, Martin Luther King e Muhammad Ali são outros nomes publicados no jornal destinado aos negros britânicos. Em relação a polêmicas em relação à cor de Jesus, o editor do jornal é enfático e afirma que “o cristianismo etíope, que precede o europeu, sempre descreve Jesus como sendo um africano". Para ele na própria Bíblia esta a descrição de Jesus como um homem de pele escura.
A lista de ícones negros foi elaborada por um grupo de jornalistas e personalidades da comunidade negra britânica.
A lista de ícones negros:
1. Jesus
2. Martin Luther King
3. Malcolm X
4. Nelson Mandela
5. Muhammad Ali
6. Mary Seacole
7. Oprah Winfrey
8. Bob Marley
9. Marcus Garvey
10. Inventores negros Garret Morgan, George Washington Carver e Elijah McCoy
Yeshua e a Igreja Embranquecida
Os meios de comunicação em massa há vários anos, tem difundido as provas científicas, históricas, bíblicas e arqueológicas que Jesus Cristo foi um homem negro. O cristianismo católico e protestante tem agido como seres mudos, cegos e surdos. Não seria necessário discutirmos esse assunto porque quando estudamos a história dos verdadeiros hebreus, sabemos que foi uma civilização preta, e quando Yeshua nasceu o seu povo preto estava dominado pelos brancos do Império Romano. A história nos relata que essa idéia de brancura na iconografia cristã é muito recente e foram os pintores renascentistas que criaram essa imagem européia. A imagem renascentista de Jesus Cristo ocidental foi financiada com a venda de indulgências pelo papa descendentes dos Médicis o qual, aumentou a corrupção na Igreja Católica Apostólica Romana, resultando na Reforma Protestante do século XVI, liderada por Lutero, Calvino, Wesley e outros reformadores caucasianos, os quais não se importaram com a comunidade preta e suas igrejas participaram ativamente do comércio escravagista.
No catolicismo e no protestantismo foi criada a imagem da vergonha nos dizeres do Rev. James Cone, no seu livro - "O Deus dos Oprimidos": Representam Cristo em branco e rosa, loiro de olhos azuis e milhões de crianças gravam a imagem deste falso nazareno em suas memórias. Cristo nos envergonha com a sua pigmentação que obviamente não é nossa. Essa imagem nos condena pela nossa cor negra, pelos nossos narizes chatos, pelo nosso cabelo pixaim, pelo nosso estranho poder e expressar nossas emoções cantando, gritando e dançando. A imagem do Cristo branco é tão calma, tão delicada, tão branca, que milhões de negros tentam ser como ele."
José Carlos Gentili no seu livro: A Igreja e os Escravos escreveu: "O choque de ter que adorar uma realidade negra, após esta sociedade ter massacrado, por séculos, sob o regime da escravidão daqueles africanos , impactaria, negativamente, razão pela qual Jesus Cristo continua sendo apresentado pela industria cinematográfica de Hollywood como um doce anjo branco, de olhos azuis, embora a verdade seja outra."
E continua: O Cristianismo etíope que precede o europeu sempre descreve Jesus como africano e nas igrejas da África, o Senhor é negro - um homem que sofre no continente que sofre.
Teríamos uma linhagem Jesus/Deus de cor negra, sob a criação do Espírito Santo negróide! Certamente, a pomba do Divino não seria branca, como é apresentado, sequer Jesus branco, loiro, olhos azuis, divinal. Em países com forte tendência racial do preconceito racial, como os Estados Unidos e países de influência germânica, a demonstração de que Jesus é negro acarretaria desconfiança na adoração de um DEUS ETÍOPE, um salvador de almas que os brancos teriam de absorver como não sendo uma figura a sua imagem.
O medo das igrejas embranquecidas se dá no tocante ao questionamento que o CNNC faz da opressão do povo preto nas igrejas e na sociedade e das mentiras ensinadas sobre Yeshua..
Yeshua e as Religiões de Matriz Africana
Quando o CNNC afirmou no seu Congresso Nacional em Salvador-Bahia em abril deste ano que o Cristianismo é de matriz africana, algumas vozes de membros do candomblé se levantaram assustados e sem ação. Nós do CNNC provamos que adoramos Yeshua que tem a sua origem na África e é preto. Ninguém pode ousar a afirmar que adoramos divindades criadas pelos europeus, porque não aceitamos imagens brancas de Yeshua e cremos na África reconstruída, no paraíso africano. Infelizmente, as religiões que vieram da África com os nossos ancestrais, ainda levam padres brancos para rezar missas em suas sedes religiosas, e erradamente ainda confirmam os seus iniciantes em igrejas católicas, corroborando o cristianismo europeu o qual o escravizou e usufruiu do maior genocídio da história mundial, e em muitas casas que visitei as principais lideranças são brancas e as imagens das energias da natureza são representadas por homens e mulheres brancas. Há muitos anos atendendo um convite do Olodum participei de uma mesa na Casa de Benin em Salvador-Bahia e fui vaiado quando disse em publico que não aceitava imagens das yabás como mulheres brancas, sereias nórdicas e mediterrâneas. Aquela vaia me deixou muito feliz porque falei uma verdade e representantes brancos do candomblé mostraram o seu poder de persuasão e domínio e membros importantes pretos ficaram calados, não me apoiaram porque eu ali me apresentei como um pastor evangélico. Em apoio aos brancos disseram que eu tinha de bater a cabeça na pedra. Respondi: - Bater a cabeça na pedra e aceitar divindades brancas sem questionar machucaria a minha cabeça.
Atualmente já começou um questionamento sobre essas representações e amigos(as) já me falam que não concordam com essas influências caucasianas e suas imagens deturpadas das divindades africanas.
O CNNC/BA acredita piamente que Deus criou a humanidade preta na África e se manifestou em todas as religiões de Matriz Africana espalhadas pelo planeta com a sua imagem preta. Aceitar de outra maneira é incorrer em erros.
O nosso povo preto tem que dar aleluias e améns de felicidade e júbilo porque o Salvador escolheu se incarnar em um africano descendente da humanidade original: O NOSSO SALVADOR VIVE E É PRETO E AMA TODA A HUMANIDADE. ALELUIA!!!
Texto adaptado do livro: AFROREFLEXÕES, autoria de Walter Passos, a ser lançado em breve.
Postado por CNNC/BA
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Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007
NÃO AS MISSÕES CRISTÃS NA ÁFRICA!
Por Walter Passos. Teólogo, Historiador, Pan-africanista, Afrocentrista e Presidente CNNC – Conselho Nacional de Negras e Negros Cristãos.Pseudônimo: Kefing Foluke. E-mail: kefingfoluke@hotmail.com
“Hoje, vejo a necessidade de nós pretos sairmos da invisibilidade e descobrirmos a África abençoada dos nossos ancestrais dentro de nós”. Walter Passos.
Incrível que pareça, ainda há no seio do protestantismo nacional, grupos que discipulam jovens para se tornarem missionários na África. Quais são as motivações desses jovens de todas as cores epiteliais a sentirem-se comovidos para as missões em território africano? Que continente é este que precisa de missões cristãs? Por que jovens pretos se alistam nesses grupos missionários?
São perguntas que surgem em minha mente. Quando criança também desejava ser um missionário no continente africano, abandonar minha família, envolver-me no mato - palavra incorreta e medonha para designar floresta, essa nossa língua brasileira tem cada uma: mato,mata, significando floresta, depois dos portugueses matarem a floresta na sua colonização insana, o nome ficou, fixou-se até interessante, floresta como sinônimo de mato e mata. Começou com os portugueses matando florestas e índios, tendo como conseqüência o “matamento” e destruição do ecossistema brasileiro, fato esse também não discutido nas igrejas. Da mesma forma o vocábulo “desmatamento”, porque partindo dessa ótica tratar-se-ia da retenção da destruição das florestas, do término do “matamento” da flora, e não como é empregado, no sentido antônimo, de destruição, aniquilação da mesma.
Voltando a idéia das missões, eu sonhava em ir para a África pregar a verdade aos negros africanos. Eu os considerava atrasados e dignos de pena. Lia gibis de Tarzan, homem branco criado por macacos que era superior a todos os africanos, além disso, ouvia relatos de missionários que chegavam do continente africano. Eu achava interessantes esses relatos missionários, e em qualquer igreja da minha cidade quando chegava um missionário (a) eu queria ouvir para entender as missões.
Os nossos hinários falam em missões e de um Cristo que deixou de ser o Príncipe da Paz para se tornar um General, Capitão, um Senhor da Guerra. Há um hino escrito por Henry Maxwell Wright (1849-1931), bastante conhecido e cantado dentro de grandes Igrejas históricas, “O Pendão Real”, hino oficial da IPI – Igreja Presbiteriana Independente, que dá cores aos batalhões inimigos:
“Eis formado já os negros batalhões
Do grande usurpador
Revelai-vos hoje bravos campeões,
Nas hostes do Senhor ”.
A idéia da escuridão está presente no hino “Igreja Alerta” e essas próprias nações estão solicitando missionários, conforme o autor A. J. Rodrigues da Silva.
“Queremos luz” é o grito das nações pagãs,
Que vem atravessando o imenso mar,
Ir já, pregar as Boas-Novas de perdão,
Sem esquecer também aqui de semear.
No hino “Marchemos, Sem Temor”, o autor Robert Hawkey Moreton (1844-1917) torna Jesus o Senhor da Guerra:
“Vamos com Jesus, e marchemos sem temor
Vamos ao combate, inflamados de valor;
Eia, pois! Lutemos todos contra o mal;
Em Jesus nós temos grande general”.
A maioria dos protestantes brasileiros se transformou de Embaixador do Reino de Deus para ser soldado de Cristo e guerreiro do Exército do Senhor, sendo assim há necessidade de uma guerra santa dentro do continente africano, através das missões, para dominar religiosamente o que estava dominado politicamente através das armas e da guerra, e essa guerra santa continua através das missões. Há de fazermos algumas reflexões sobre essa visão não realista do continente africano.
Os interesses dos países de manterem a dominação africana continuam de formas mais elaboradas e sabendo nós que essas missões ainda são continuidade dos primeiros missionários americanos e europeus, com suas concepções de desprezo às culturas nativas. Atualmente há uma globalização litúrgica e de conceitos teológicos que nada têm com o evangelho de Nosso Senhor Yeshua, outrossim, conceitos eurocêntricos de branqueamento desses países, além do mais, são retiradas ofertas para manutenção de jovens que se deslocam para o continente africano, e estas ofertas saem do trabalho suado de membros descendentes de africanos, que já somam milhões no Brasil, mas, infelizmente não são membros de maioria preta, porque estão branqueados teologicamente e culturalmente, menosprezando e negando a sua origem africana, porque ser preto na diáspora é entender o seu processo histórico e não se envergonhar do seu passado ancestral e não combater as suas origens, tornando-se instrumentos de tentativas de aniquilamento cultural do nosso próprio povo. Seguir o Evangelho de Yeshua não é combater expressões culturais milenares.
Tenho certeza que as nossas preocupações devem ser voltadas para a realidade nacional, de quase a metade da população brasileira que é Preta, conforme os últimos censos, e as igrejas deveriam se voltar para as questões da comunidade preta, investir recursos na melhoria dos membros pretos de suas igrejas, intervirem como Igreja nos graves problemas sociais nos quais vivemos e somos esquecidos, permitir que jovens pretos freqüentem suas escolas burguesas e o acessem a educação planejada para as elites brancas desse país. Torna-se necessário tirar as vendas dos olhos dos líderes religiosos que vêem a África como símbolo do mal e necessitando urgente de evangelização branqueada. Urge a necessidade de sentar com esses jovens e explicar que a colonização ocorrida no continente africano foi baseada na violência e no extermínio de milhões de pessoas, sendo esse assunto da mais alta relevância ao notarmos exemplos como o antigo Congo Belga, atual República Democrática do Congo, sendo maior que a própria Bélgica. A Grã-Bretanha desejava unir a cidade do Cabo na África do Sul à cidade do Cairo, no Egito. A França dominou todo o Magreb e outras regiões africanas, como a Costa do Marfim e o Senegal, terra dos meus ancestrais maternos. Portugueses católicos são culpados da situação de extrema pobreza de Moçambique, e retiraram tudo que puderam de Angola, da Guiné-Bissau e outras regiões africanas. Houve uma “mata” nas florestas tropicais e subtropicais da África, uma destruição das savanas, um quase aniquilamento da fauna e um violento ataque às culturas desses países, concomitantemente a demonização de culturas ancestrais.
Foi à cristandade com uma idéia deturpada de Cristo- General que devastou o continente africano e enriqueceu os países colonialistas e neocolonialistas, que seqüestraram os seus filhos e filhas para a América.
Hoje, eu vejo a necessidade da igreja combater os graves problemas que sofremos na sociedade brasileira e se voltar para dentro de si mesma e ver que a África está aqui com seus representantes sentados e esquecidos nos templos lotados.
Hoje devemos exigir das Igrejas o respeito à memória e ao continente africano que foi sucatado e sangrado, olhando os seus filhos na diáspora dentro do continente americano. Hoje vejo a necessidade de se criar uma nova discussão teológica dentro dos seminários e das escolas bíblicas dominicais, com uma nova pedagogia baseada em livros e conceitos afrocentrados, de novos livros teológicos que não sejam meras interpretações de realidades alemãs, inglesas e norte-americanas, os quais brilhantes pastores negros repetem conceitos de Rudolf Bultmann, Paul Tillich, Dietrich Bonhoeffer, Louis Berkoff, Oscar Cullmann, Rubem Alves e tantos outros e posam como intelectuais na teologia, e infelizmente nada sabem de sua ancestralidade e nem o nome das bisavós maternas e paternas, e ignoram a história do seu povo como que eles não existissem. Desconhecem a história das primeiras comunidades africanas cristãs que surgiram antes do Cristianismo Romano e ojerizam o conhecimento ancestral da Mãe-África, a sua musicalidade e concepções maravilhosas de Deus que se revelou através de Yeshua, o Cristo. Mas são meros defensores da teologia alemã e seus teólogos, de confissões inglesas, dos conceitos liberais, fundamentalistas ou conservadores nos Estados Unidos, e acabam tendo propostas evangelicais para os negros brasileiros e africanos. Na verdade conseguem ter conceitos caucasianos e defendê-los melhor do que os seus autores.
Que as igrejas também discutam a lei 10.639 e através dessa lei sejam quebrados os preconceitos criados pela sociedade e reforçados pelas igrejas referentes aos africanos e seus descendentes no Brasil
Hoje, vejo como o momento de questionar as missões que se direcionam para salvar os “coitadinhos dos africanos” que vivem na “escuridão” e convocam jovens pretos não conhecedores da sua própria realidade, da sua história e da sua ancestralidade, tornam-se simplesmente portadores de ideologias caucasianas-ocidentais anticulturais e globalizantes, os quais não conhecem os seus próprios problemas como descendentes de africanos, porque não participam dessas questões no Brasil e são enviados para a África, acreditando em uma democracia racial brasileira e branqueados culturalmente e teologicamente, enquanto temos problemas imensos de nossa população e eles não são nem citados por aqueles que querem salvar os africanos e permitem que o nosso povo preto continue discriminado na sociedade e nas igrejas. Tornando-se necessário que os encontros de pretas e pretos se tornem um fator missionário verdadeiro de questionamentos para nossas irmãs e irmãos que ainda estão presos aos conceitos e pensamentos dos teólogos das grandes plantações sulistas americanas.
Hoje, vejo a necessidade de nós pretas e pretos sairmos da invisibilidade e descobrirmos a África abençoada dos nossos ancestrais dentro de nós.
Texto adaptado do livro: AFROREFLEXÕES, autoria de Walter Passos, a ser lançado em breve.
Um comentário:
Oi meu amigo irmaum..seu blog fikou fantasticooo..muitu bom msm...e essa postagem melhor ainda...naum ha coisa mais importante nessa vida que o AMOR DE DEUS ...Como dizia o apostolo Paulo em 1 Corintios 13,1 a 13..
AINDA Q EU FALASSE AS LINGUAS DOS HOMENS E DOS ANJOS,E NAUM TIVESSE AMOR, SERIA CM O METAL Q SOA OU CM SINO Q TINE... KARA VC E VENCEDOR E TE ADMIRU MUITU...BOA SORTE E ABRAÇUSSS
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